domingo, 13 de maio de 2012

HIPÁTIA


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Esta semana ao ler um artigo sobre os recentes equívocos cometidos por nossos hermanos em sua economia, me deparei com uma frase que não saía da minha cabeça – um ato grave e errado pode desencadear uma reação maior e mais grave - . Isso me fez pensar que de fato as leis da física não se aplicavam aos comportamentos humanos – para toda ação, existe uma reação igual e contrária -. Pois bem... Eis que arbitrariamente escolhi o filme Alexandria (Ágora. Espanha, 2009) para assistir no fim de semana.

Confesso que o filme não chega a ser um primor da sétima arte, não chega nem perto de Mar adentro – o melhor filme de Alejandro Amenábar em minha opinião -, mas a obra me causou tamanho regozijo ao abordar uma filósofa que até então era desconhecida por mim.
Hipátia foi uma filósofa neoplatônica. Viveu em entre 355 e 415 d.C. Sua história é tão fascinante quanto o contexto histórico em que se encontrava. Assassinada em decorrência de disputas políticas e de poder em Alexandria durante a ascensão do cristianismo no império romano, Hipátia era um raio de luz apagado pela intolerância religiosa que teima em deixar de existir ainda nas sociedades contemporâneas.
Alexandria 
Pagãos, cristãos e judeus, vivendo num caldeirão de prosperidade, tornou Alexandria um dos palcos da ignorância cega exercida pelo homem. Os pagãos, agora em minoria depois da conversão do imperador Constantino ao cristianismo, não conseguem sobrepujar - ainda que os filósofos estivessem neste grupo – os grandes erros cometidos por uns poucos que enlouquecem ao beberem da fonte do poder.
Num segundo momento, judeus mantém relativa harmonia ao conviverem com cristãos, afinal, são igualmente monoteístas, mas quem mandou não reconhecerem a divindade de um certo cara barbudo? Pronto! O circo tá armado. Incomodados com a condição judia, cristãos constantemente profanam os rituais e tradições judaicas. Cansados de tanto bullying teológico, partem para o ataque, mas como sentiram e absorveram tanto tempo na pele o desrespeito, a barrinha do estresse parece ter ficado no vermelho, desencadeando um ataque mortal aos seus algozes. Uma resposta de defesa, mas ainda assim passional e violenta. Expulsos dos muros da civilização, os Judeus nunca mais experimentariam o sossego.

Como aceitar o diferente não era o estilo de vida mais apropriado na Alexandria de outrora, Hipátia era uma vírgula que teimava em ser interrogação nessa sopa religiosa. Habilidosa na retórica, e sedutoramente inteligente, a amazonas dos números era uma ameaça ao poder religioso devido a sua influencia exercida ao prefeito de Alexandria.
Torturada e morta, em nome da insanidade de alguns, me pergunto, quantas mentes brilhantes se calaram neste hiato de existência humana? Quanto não estaríamos evoluídos hoje se lá atrás tivéssemos nos focado numa frase que no fim das contas é o que realmente importa – amai-vos uns aos outros.
É... Bem que poderíamos ter outras Hipátias multiplicadas aos montes nestes períodos tenebrosos da nossa história.

Ao ponto: